Branding ou Brand Management

Branding: para construir marcas fortes

Uma marca pode ser referenciada como um nome e/ou um símbolo destinado a identificar bens e serviços. Mas, muito mais do que isso, elas transcenderam sua função de identificação de produto, vão além do design gráfico e do logotipo, envolvem um conceito e um posicionamento que as diferenciam frente aos concorrentes e ao mercado. Se tornaram patrimônio das empresas.

Nesse sentido, o valor representado pela marca envolve aspectos tangíveis e intangíveis, emocionais e socioculturais. E, nesse esforço de entender que os resultados vem em longo prazo, as estratégias de gestão de marca são cada vez mais indispensáveis. 

O que é branding?

Branding ou Brand Management é uma estratégia de gestão de marca, que visa torná-la conhecida por seu público e, consequentemente, mais forte no mercado. A estratégia está baseada nos valores, propósitos e objetivos da marca, envolvendo diversas ações que visam a manutenção de uma imagem positiva da empresa frente a seus clientes, funcionários, fornecedores e demais públicos.  

O branding vai além do marketing, abarca todo o processo de construção e gerenciamento da marca, um esforço social que envolve aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais que estão embutidos na sua identidade. O objetivo é aumentar seu brand awareness, ou seja, seu reconhecimento perante o público e a fidelidade de seus clientes. Em suma, o branding trabalha com o conceito de que uma marca precisa ser planejada, estruturada, gerida e promovida.

Já o brand equity, de acordo com o professor estadunidense especialista em branding David A. Aaker, é um conjunto de ativos e passivos ligados a uma marca, seu nome e símbolo, que determinam seu valor tanto para o consumidor quanto para a empresa. Esses ativos e passivos vão diferir de contexto a contexto, contudo podem ser agrupados em:

1. Lealdade à marca: alta lealdade implica melhores negócios e menos vulnerabilidade competitiva.

2. Conhecimento do nome: as pessoas tendem a comprar marcas conhecidas, se sentem confortáveis com o que é familiar; a marca se torna opção de compra. 

3. Qualidade percebida: influencia diretamente nas decisões de compra e na lealdade à marca. A qualidade percebida pode ser a base para a extensão de marca, se torna bem-conceituada no segmento.

4. Associação à uma marca: o valor subjacente de uma marca está relacionado nas associações específicas ligadas a ela, a contextos de uso, credibilidade, estilo de vida ou personalidade de um personagem, o que pode até mudar a experiência de uso.

Todas essas são percepções dos consumidores.

5. Outros ativos da marca: ações que podem inibir ações dos concorrentes, blindando a base de clientes, como patentes, trademarks, relações com os canais de distribuição, etc.).

Branding

O lançamento do filme Barbie

Dirigido por Greta Gerwig e estrelado por Margot Robbie, o filme Barbie conquistou rapidamente o público, tanto nas redes sociais quanto nos cinemas e no consumo. Não só as estratégias de marketing quanto todo o branding da marca tem surpreendido. Contudo todo esse sucesso não veio do nada. Segundo o site B9, a marca vem sendo reestruturada há quase uma década pela Mattel, maior fabricante de brinquedos do mundo. 

Barbara Millicent Roberts, a Barbie, era a imagem da perfeição e, depois, da mulher que podia ser tudo. Mas, lançada em 1959, a boneca sofreu inúmeros questionamentos das novas gerações devido às pressões estéticas e sociais. Assim, as vendas foram declinando. Entretanto a Mattel decidiu enfrentar as críticas e começou um plano de longo prazo. Iniciou a reengenharia de marca em 2015, realizando comunicação que tentava empoderar as garotas e novos lançamentos, que envolviam novos perfis da boneca, incluindo diferentes tons de pele, formas corporais, cores de olhos e penteados. Nos anos seguintes, a Mattel continuou com campanhas diferenciadas, que estimulavam a diversidade, a inclusão das mulheres, homenagens a personalidades femininas, entre outras. 

Após diversas séries animadas para a TV, o filme live-action começou a ser pensado em 2009 até culminar na parceria entre Mattel e Warner Bros. Desde o início, o objetivo era subverter expectativas, sendo autorreferente e consciente. As estratégias de marketing para o filme são sem precedentes na história. Por trás de grandes empresas, o lançamento passou dos tradicionais pôsteres, teasers, trilha sonora e trailers para  uma vasta lista de parcerias em diversas categorias, formando uma verdadeira “Barbielândia”.

A marca trabalhou seu branded entertainment, isto é, se associou a diversos meios culturais, como músicas, filmes e criadores de conteúdo para promover o filme de maneira sutil e envolvente. Isso fez com que  a tendência barbiecore voltasse às ruas e ganhasse as redes, além de o awareness, ou seja, o conhecimento do público em relação ao filme Barbie, chegar a 70%, de acordo com uma pesquisa do The Quorum, divulgada pelo site da Meio e Mensagem.

Diferenciais que valem para todas as marcas

O filme tornou-se um estudo de caso sobre a capacidade de uma marca de se adaptar e conseguir evoluir de acordo com novos contextos e as novas gerações. Mas vale a pena lembrar que a marca Barbie já possui mais de 60 anos no mercado, o que possibilitou vários testes, diagnósticos e desenvolvimento. Além disso, o investimento milionário tanto na reestruturação da boneca quanto no lançamento do filme, os grandes atores e as collabs auxiliaram e muito no buzz e divulgação massiva nas mídias de diversas plataformas. 

A Mattel tentou criar experiência de marca de forma consistente e abrangente, indo além dos brinquedos, mas sempre com a proposta alinhada a seus valores e objetivos, explorando, inclusive, questões contemporâneas importantes, como feminismo e patriarcado, que foram questionadas anteriormente. Por mais que essas estratégias também levantem polêmicas para diversos públicos, a empresa se aproveita de contextos atuais e da cultura para tentar reestruturar a marca. Não se trata de dizer se o filme foi ou não feminista (isso já é outra pauta), mas a Mattel conseguiu estudar várias possibilidades para tentar reposicionar a marca. Explorou também a identidade visual impactante, diferencial da marca Barbie, o que contribuiu para conexões emocionais com o público, aumentando, inclusive, o consumo; e ainda abriu diálogo com seus consumidores, por meio de uma voz própria no filme, abrindo novos caminhos para outros longas de marcas. 

Nome da marca e o que ela representa são seu mais importante ativo.

Como fazer uma boa gestão de marca? 

Para muitos negócios, o nome da marca e o que ela representa são seu mais importante ativo. Contudo a marca raramente é gerenciada de maneira coordenada e assertiva, e muitos gerentes estão preocupados apenas com os resultados de curto prazo. 

O cenário vem sendo transformado pela internet e a tecnologia, o marketing digital trouxe novas possibilidades para o branding e mais desafios também. Hoje, a marca pode ser multiplataforma e multimídia, com canais massivos ou superpersonalizados. Contudo toda empresa deve possuir propósitos e valores consistentes, além de profissionais envolvidos, cultura e posicionamento competitivo. Algumas das estratégias de branding são:

– Trabalhar a identidade visual: é importante criar um universo para a marca que seja único, trabalhar seu logotipo, slogan, atributos, cores, grafismos, tipografia e toda a comunicação visual, transmitindo seu valor e força. Quanto maior a relevância e a presença dos elementos visuais da marca na vida do público, mais ela será percebida e lembrada, tornando-se um diferencial.

– Definir estratégias de acordo com cada público: mapear todos os tipos de público, entender como interagem com a marca, e estabelecer ações para cada um, promovendo experiências únicas.

– Definir os canais e plataformas de marketing e comunicação: de acordo com cada público, é preciso pensar o papel estratégico de cada canal, definir aqueles mais importantes, as ações e conteúdo necessários de acordo com os objetivos de marca.

Entender o mercado e as tendências: é importante ainda sempre entender o contexto contemporâneo, estar interligado às mudanças constantes do mercado, aprender novas oportunidades, adaptar processos de acordo com novas tecnologias, mas manter sempre a essência e verdade da marca.

Sendo assim, é fundamental também compreender cada tipo de marca, o momento da empresa e cada contexto específico. É importante ter princípios norteadores, mas saber diferenciar o que é assertivo do que é “moda”, pois nem tudo funciona para todas. Senão, cai no mero discurso marqueteiro sem propósito que muitos não querem ouvir.

Agora que você sabe a importância do branding, que tal pensar na sua marca? 

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