COMUNIDADE: O FUTURO DAS MARCAS

Quando falamos em comunidade, logo vem à mente as comunidades das redes sociais, como Orkut e WhatsApp, ou mesmo um grupo de pessoas que moram em determinada região. As comunidades são tudo isso, mas não apenas isso.

Muitas marcas vêm investindo cada vez mais para ficar perto de seus consumidores. Elas perceberam que necessitavam ir muito além do produto ou serviço e desenvolver um relacionamento profundo, ou seja, criar vínculos com seus clientes, criar também comunidades.

Ao construir uma forte conexão entre os usuários, as marcas geram mais humanização, confiabilidade e lealdade, impulsionando, o engajamento, a fidelidade e a retenção. 

O que é uma comunidade?

Desde sempre as comunidades têm sido essenciais para a humanidade. Em sua acepção dicionarizada, comunidade quer dizer aquilo que é comum, que está em concordância ou grupo de pessoas que partilham a mesma cultura, religião, interesses e objetivos (Dicionário Aulete). Com a transformação digital, o conceito passou a abrigar não apenas as pessoas com muitos pontos em comum, mas também aquelas que encontram pequenas semelhanças para criar um espaço para diálogo e compartilhamento.

Nesse sentido, foi possível construir diversas comunidades virtuais ao redor do mundo que também criaram linguagens e hábitos próprios de acordo com um propósito em comum, mas permitiu que cada membro também mantivesse sua individualidade, passando a ser um espaço em constante transformação. 

Dessa forma, marcas, influencers e criadores de conteúdo perceberam a possibilidade de formar suas próprias comunidades, atrair pessoas, promover diálogos e aumentar o engajamento de acordo com temas relevantes para esses seguidores, foi assim que surgiu o marketing de comunidade

Propósito e o futuro do comércio

O termo comunidade conduziu diversos debates no South by Southwest 2023 (SXSW), o maior evento de tecnologia do mundo, que acontece em Austin, no Texas (EUA), este ano ocorrido entre os dias 10 e 19 de março.

O painel “The New Business Imperative: Building Community” destacou como a comunidade é o futuro do comércio e como as marcas precisam criar experiências e produtos que ofereçam conexão humana. Para Manish Chandra, fundador e CEO da Poshmark (plataforma social de compra e venda de produtos de moda, produtos domésticos e eletrônicos novos e usados), entender as demandas dos consumidores é essencial para construir a comunidade: “É importante saber o que o cliente quer e se adaptar a isso”, lembrou Chandra. Por isso, no marketing de comunidade, as empresas tentam estreitar os laços com quem já consome seus produtos e serviços, monitorando seus desejos e compras para oferecer novas experiências e criar valor.

Para o CEO da Poshmark, quando uma marca está construindo uma parceria com seus clientes é preciso saber onde as pessoas da comunidade estão e entender como estabelecer um relacionamento duradouro. Além disso, na sua visão, ter um propósito compartilhado é o que une uma comunidade: “Se você pensa em criar um propósito compartilhado para a comunidade, é sobre qual é a principal coisa que a comunidade está fazendo?”, ressalta.

Conexão com o público

Tom, Caramelo e os guardiões da Praça dos Agricultores

Como exemplos de criação de comunidade, podemos citar o Topázio Mall, centro comercial localizado no Bairro Alípio de Melo, em Belo Horizonte. Inaugurado em junho de 2021, o Topázio transformou a área de um terreno degradado em um grande empreendimento e, além disso, adotou, de forma espontânea, uma praça ao lado de seu estabelecimento, a Praça dos Agricultores. O objetivo era trazer serviços e conveniência para a população, estimulando o desenvolvimento da região, e preservar a área, ressaltando seu compromisso com o meio ambiente e a comunidade do entorno.

Assim, a empresa, ao lado da Agência Ideação, montou um plano de comunicação a fim de divulgar as novidades e se tornar cada vez mais próximo de seu público. Foram desenvolvidos processo de naming, identidade visual, site e mídias sociais, foi realizado evento de reabertura, entre outros, na praça e foram criados os mascotes Tom (um personagem humano, que lembra um arqueólogo pesquisador) e seu cãozinho Caramelo. Ainda foi estabelecido contato com instituições, escolas e comerciantes do entorno e foi criada a liga dos Guardiões da Praça dos Agricultores, um grupo de amigos do bairro que auxiliam na manutenção e preservação da praça, além de influenciar os demais moradores da região. 

Todos os canais e mídias auxiliaram na criação de uma grande comunidade, reunindo seguidores, moradores, visitantes, clientes, guardiões e parceiros, que compartilham suas experiências de compras, auxiliando ainda mais na melhoria dos serviços prestados, e também possuem um propósito compartilhado, que é a preservação da Praça dos Agricultores, local de lazer e descanso para toda a família.

Abra a Cuca 

O Abra a Cuca é um projeto literário da imobiliária Exact Select, sediada em Fortaleza. A imobiliária transformou uma geladeira em biblioteca para empréstimos, trocas e doações. Aberta ao público, a geladeira fica no espaço de trabalho da empresa e já recebeu vários exemplares, entre romance, poesia, conto, livro didático e infantil. O objetivo do projeto é reunir a comunidade em prol da literatura, estimulando cada vez mais a leitura e a cultura, reforçando os valores da marca.

Comunidade de agentes imobiliários RE/MAX

Outro exemplo é a RE/MAX, maior marca de franquias imobiliárias do mundo. A marca possui uma comunidade de mais de 140 mil agentes imobiliários em quase 10 mil franquias ao redor do mundo. No Brasil, já são mais de 600 franquias com mais de 8 mil agentes. Todos possuem contato constante, compartilhando treinamentos, práticas, experiências de vendas e cases de sucesso, o que contribui para o aprimoramento contínuo do trabalho. 

Dessas franquias, a RE/MAX Rio de Janeiro – Norte, master regional do Rio de Janeiro, além de ter sua comunidade de agentes e franqueados, também desenvolveu uma comunidade de mulheres empreendedoras ou que desejam empreender, o Women Global & Powerful. Nas reuniões periódicas, elas compartilham histórias, desafios, cases e falam sobre empreendedorismo feminino, carreira, negócios imobiliários, entre outros assuntos. O projeto já uniu mais de 300 mulheres, e muitas delas conseguiram abrir seu próprio negócio. 

Tudo isso reforça o poder das comunidades e como elas conseguem envolver seus participantes em prol de interesses e propósitos em comum, favorecendo ainda os objetivos das marcas.

Quer saber mais sobre essa e outras estratégias de comunicação? 

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